A guitarras teisco do anos 60 que introduziram os hoje cultuados pickups gold foils, eram instrumentos baratos para iniciantes
Uma vez que o upgrade insano te pega, não tem mais como fugir. Depois que você descobre que algumas simples ou complexas modificações no seu instrumento podem trazer o frescor de novos timbres ou a consumação de timbres antigos que existiam somente em seus sonhos coloridos, não tem jeito, o processo vai se repetir muitas e muitas vezes.
É um negócio viciante – mesmo depois que você trocou tudo o que poderia e colocou sua guitarra no patamar mais elevado que existe, às vezes, do nada, aparece uma pergunta na sua cabeça: e se?
A verdade é que, além de perseguir os timbres clássicos, muitas vezes você quer apenas experimentar novas coisas, universos que ainda não foram explorados. Por isso, o laboratório do upgrade vai ter sempre espaço para mais um experimento, seja maluquice mesmo, seja pura quimera sonora em evolução.
Nosso próximo experimento nasceu por causa de um pickup desconhecido pela maioria dos guitarristas. Vimos em algum lugar que Jason Lollar recriou os pickups baratos que equipavam as guitarras teisco nos anos 50 e 60, os gold foils. Guitarras para iniciantes, geralmente o primeiro instrumento de estudantes. Os pickups Lollar nunca nos atraíram muito, por serem mais caros que os Seymour Duncan e os Dimarzio e estes já eram usados pelos heróis da guitarra como Van Halen, Satriani e mundo afora.
Mas, por curiosidade, fomos conhecer esse tal Gold Foil. Descobrimos que Ry Cooder, slide man que foi considerado pela Rolling Stone o oitavo melhor guitarrista de todos os tempos, havia colocado um desses pickups no braço de sua fender stratocaster criando sua coodercaster. Olha o bicho do upgrade solto já nos anos 70.
Performance de Ry Cooder usando sua coodercaster com um gold foil da teisco na posição do braço.
Joe Gore avalia um par de lollar gold foil aos 40s do vídeo. Foi um review que nos fez ficar loucos com o timbre desse pickup.
Mas o que será que tinha de especial nesse pickup que Ry Cooder não conseguiu encontrar num Fender original? Na verdade, o gold foil possui muitas semelhanças com os pickups da Fender, é um single coil e produz timbres cristalinos. Mas indo um pouco mais a fundo, descobrimos que o imã usado, em vez de alnico, é um tal de ferrite (cerâmica) emborrachado, o mesmo de umas geladeiras antigas.
A ideia original era usar mesmo material barato para reduzir os custos desse pickup. Então, o milagre aconteceu. O que era pra ter sido o patinho feio dos pickups, acidentalmente, produziu um timbre maravilhoso jogando luz nos agudos delicados que caracterizam instrumentos hollow body. Algo acontece com esse pickup que faz a guitarra soar mais próxima de um instrumento acústico, por causa dos over tones de harmônicos top end que são gerados por ele.
O gold foil é caracterizado não somente pelo som brilhante, mas também por gerar timbres cheios com graves definidos e redondos. Um timbre muito equilibrado e único, com muita clareza e incrível definição entre as cordas. Confira nessa avaliação acima:
Depois de ler sobre os gold foil e ver alguns reviews no YouTube, ficamos impressionados, mas ainda mais com o preço. No site da Lollar, a unidade custa U$210 – ficou fora de cogitação para a gente. No Brasil, apareceu uma vez no Mercado Livre por um preço mais salgado ainda. Desde então, ficamos esperando para ver se apareceria algum usado por um preço mais em conta no Reverb ou no eBay. Mesmo os usados eram listados por um preço alto.
Depois de alguns anos, apareceu um no Reverb por um valor mais atrativo. Fizemos uma oferta e, milagrosamente, conseguimos por menos da metade do preço, pagando U$85,00. Parecia que havia algo de errado – será que estava mesmo funcionando, será que já foi mexido? Arriscamos, e nunca mais apareceu outro por esse preço.
Comprar em sites internacionais como Reverb e eBay é um faca de dois gumes. Por um lado, a cultura americana traz um grau de honestidade um pouco mais elevado que o nosso, por não esconder os defeitos do produto. Por outro, o envio desses produtos para o Brasil é um osso duro. Se o preço do produto for superior a U$50,00 é preciso pagar uma pesada taxa de importação.
Outro caminho seria viajar e trazer ou pedir para um amigo trazer na mala na volta para o Brasil, e foi isso que fizemos. Foi longa essa saga, com pouca grana, mas muita vontade de ter o timbre sonhado na mão. Foi mesmo um exercício de paciência.
Então, nosso upgrade insano dessa vez começou por um pickup gold foil Lollar dourado da posição do meio. Só faltava a guitarra e todo o resto. É como se tivéssemos comprado a porta, mas ainda faltasse construir a casa!
O gold foil da Lollar que comprarmos veio com uma moldura que permite encaixá-lo em qualquer guitarra roteada com p90, por isso, pensamos em guitarras similares à algumas Gibson Les Paul deluxe.
Mas ainda faltava o pickup para outra posição, braço ou ponte. O nosso era middle. Se comprássemos um outro para fazer par na ponte, ele iria para o braço; caso contrário, para a ponte.
A principio, pensamos num p90 pra contrastar seu timbre com médios mais agressivos com os timbres cristalinos do gold foil. Após algumas pesquisas, desistimos do p90 pelo fato de ficar muito desequilibrado em termos de volume.
O gold foil, que é caracterizado pelo top end, nos levou a pensar num instrumento voltado para worship na vibe das guitarras Gretsch. Voltamos a busca para o site da TV Jones, marca especializada em produzir filtertrons, os pickups padrão para as guitarras Gretsch. Os filtertrons são pickups conhecidos por ser o meio de campo entre Gibson e Fender. De forma simplista, são humbuckers, mas com mais brilho e mais ataque.
Descobrimos que a TV Jones também fazia os filtertrons no formato “soapbar”, que é o padrão p90. E foi aí que, numa convergência cósmica sobrenatural, encontramos no mesmo espaço de tempo e lugar um TV Jones formato p90 na cor creme, relicado, com parafusos perto do bronze para posição da ponte que esteticamente era perfeito pra fazer par com o nosso gold foil. Além disso, foi por um preço bem bacana no Reverb, já que esse pickup novo custa U$125 e nesse nós pagamos U$60. Inacreditável!
Portas compradas, fomos construir a casa. Começamos a pesquisar guitarras que poderiam receber as duas pérolas douradas.
Mas, antes, vamos relembrar os 10 Mandamentos do Upgrade Insano. Já teríamos quebrado uma regra, comprando um pickup de boutique – o gold foil Lollar é um dos mais caros do mercado.
Outras marcas até começaram a produzir cópias dos pickups da Teisco, mas nos reviews que vimos e ouvimos, os da Lollar foram imbatíveis. Lição que aprendemos: faça as regras e depois as quebre! A marca Lollar é maravilhosa, mas é uma das mais salgadas e muita gente prefere o seth lover da Seymour ao imperial da Lollar. Mas foi importante quebrar um mandamento para conhecer o gold foil e, como esperamos com paciência, conseguimos um por um ótimo preço.
Os 10 mandamentos do upgrade insano, são um ótimo ponto de partida. Mas adiantamos que, em nossas experiências, iremos manter a mente aberta e, provavelmente, vamos quebrar algum deles. Confira!
Seguindo a regra de sempre usar uma guitarra barata, descartamos a Gibson, que seria o padrão para guitarras equipadas com p90, e fomos atrás das guitarras fabricadas na China, como Epiphone e Squier. Foi aí que lembramos de uma séria da Fender chamada modern player, feita na China. As guitarras dessa série tiveram ótimas avaliações e, apesar de serem feitas nas mesmas fábricas da Squier, o nome Fender estampado no headstock trouxe um peso extra.
Ficamos entre a Jaguar (linda) e a Thinline (maravilhosa) que eram equipadas de fábrica com p90, o que dava para essas Fender um DNA de Gibson. E, para bagunçar ainda mais, queríamos colocar Teisco e Gretsch na mistura.
Chegamos a encontrar uma Fender Thinline modern player por R$ 1.700,00 no Mercado Livre, mas com a alta do dólar, o preço estabilizou na época em torno de R$ 3.000,00. Como a oferta da Thinline era muito maior que da Jaguar, tiramos essa do foco. Acabamos comprando uma Thinline sunbusrt de um músico do sul por exatamente R$ 3.000,00, divididos em 12x sem juros no Mercado Livre.
Os pickups foram comprados em maio de 2020 e a guitarra, em outubro do mesmo ano. Percebemos durante o upgrade que, por causa do gold foil dourado, além de timbre, teríamos que mudar a estética da guitarra, já que o acabamento das ferramentas era todo em níquel. Isso iria encarecer ainda mais o processo. Mas, nesse ponto, não tinha mais volta – já que não tínhamos prazo definido, podíamos fazer o upgrade aos poucos, sem pressa.
A guitarra chegou dez dias depois de comprada, bem embalada e já regulada. A Telecaster Thinline era um sonho antigo de alguém que alimenta uma paixão pelas semiacústicas. Essa fender possui o corpo feito em mogno, característica que acentua os médios graves.
O braço, porém, seguiu o padrão Fender, peça única em maple. Este ainda veio com uns rajados naturais no headstock que atestam a qualidade da madeira, um braço muito confortável. Apesar de feito na China, um instrumento muito confiável e bonito, assim como a gente já havia conferido em vários reviews na internet.
Para nossa alegria, essa guitarra veio com algumas surpresas. Ela já havia passado por uma sessão de upgrades. O nut já havia sido trocado para tusq, material tão bom quanto o nut de osso em sonoridade e até melhor em ternos de performance, já que é auto-lubrificante, o que se traduz em melhor estabilidade na afinação.
Mas o que fez nascer um sorriso bem grande foram os pickups que já haviam sido trocados por um par de p90 Lollar. Essa guitarra já veio com um timbre maravilhoso. A loucura pareceu maior ainda depois disso. Como assim, descartar os p90 da Lollar por uma combinação que seria algo totalmente novo e inusitado?
Talvez, se não tivéssemos já comprado o gold foil e o filtertron, não sei se teríamos continuado. Guardamos os p90 para um projeto futuro e tocamos o barco tendo em mente um timbre mais cristalino e claro no lugar da energia e força dos pickups que vieram equipando a nossa Thinline.
Testando a guitarra, não encontramos problemas para segurar a afinação; o hardware era bastante confiável. Mas, como decidimos deixá-lo todo dourado, teríamos que trocar tudo e começamos a pesquisar pelas peças da Gotoh.
Percebemos que, no Brasil, as peças dessa marca estavam mais baratas ou pelo mesmo preço que no mercado internacional, talvez pela alta do dólar. Compramos a ponte da Piquitars por R$ 400 e as tarraxas com trava, por R$ 550 no Mercado Livre.
Mas tivemos dificuldade de encontrar algumas peças douradas no Brasil, por isso tivemos que recorrer ao Reverb e eBay para comprar algumas delas. Foram: neck plate customizado, toggle swifth e jack de saída da Swifcraft, e da própria Fender compramos strap botons, ferrules, string guide e os parafusos dourados para o escudo.
Ah, o escudo… esse deu trabalho! A combinação de uma Fender sunburst com escudo tortoise shell sempre foi uma das mais lindas da história. Não achamos no Brasil, também tivemos que comprar fora. O plate traseiro da Swifcrat não achamos em tortoise shell nem fora do Brasil. Por sorte, um amigo nosso tinha um pedaço do material e conseguiu cortar pra gente na medida.
Faltavam ainda os knobs, e buscamos algo personalizado, dourado e que combinasse com o escudo. Já tínhamos usado os knobs da Q-parts em outra guitarra e achamos com acabamento dourado e top tortoise shell, apesar de cara, parecia a combinação perfeita.
Como a torneira já estava aberta, queríamos encher o tanque com o máximo de customizações que fosse possível. Pisamos fundo também na parte elétrica!
Fazia algum tempo que queríamos testar os tonestyller da Stellartone, potenciômetros de tone que permitem vários timbres diferentes. A média de preço de cada um é de US$130, mais caro que o captador TV Jones. Encontramos um usado por US$50,00. Geralmente só compramos potenciômetros novos, mas esse não tinha como. Além disso, são construídos com padrão de aeronaves para durar a vida toda. Arriscamos com um certo receio neste usado.
A primeira vez que ouvimos sobre Stellartone foi num review de uma guitarra fano. Um potenciômetro comum é o mesmo que é usado como volume, porém com um capacitor acoplado que vai definir o valor das frequências a serem cortadas. Porém, o tonestyller é outra história; é um swift rotatório com uma posição true bypass e as outras, cada uma com um capacitor de valor diferente, que traz vários sabores de equalização passiva.
Cada capacitor funciona como um treblle roll off e você pode escolher a quantidade de agudos que vai cortar, mas sem tirar da receita a riqueza dos harmônicos nem os médios essenciais. O nosso foi o modelo com 11 posições. É realmente algo bem diferente de um potenciômetro comum e expande significativamente a flexibilidade e a capacidade sonora do instrumento.
Entramos em contato com o fabricante e ele nos sugeriu uma configuração matadora. Vale falar sobre o atendimento maravilhoso do próprio dono que enviou um pdf com todo o esquema detalhado. A guitarra veio equipada com 2 pots para volume e 2 pots para tone.
Na nova configuração, o tonestyller substituiria o tone do pickup do braço e para o tone do pickup da ponte, usamos um pot pushpull que acionado traria o tonestyller para o pickup da ponte e o tone com pushpull iria para o pickup do braço. Realmente, uma flexibilidade das estrelas, isso trouxe a possibilidade de configurações infinitas de equalização passiva para o instrumento. Vale conferir o vídeo demo que preparamos mostrando as possibilidades dessa configuração.
Fechando o pacote, usamos um pot de 250k para volume do gold foil, pot 500k para volume do filtertron, um pushpull para tone da ponte com capacitor 0.22 emerson, todos os pots da CTS.
Essa brincadeira foi ficando cara. Essas pequenas peças separadas parecem tranquilas, mas quando junta tudo, fica puxado e piora ainda mais com o dólar nas alturas do jeito que está. Por outro lado, o fato de não ter prazo e poder comprar aos poucos ajuda no processo.
A compra dos pickups foi em maio de 2020 e o total das peças só chegou em nossas mãos um ano depois. Tudo foi comprado a conta gotas. No final das contas, se considerar o mercado americano, pagamos o valor de uma Fender USA standard básica. Se considerar o mercado brasileiro, foi o valor médio de uma Fender mexicana.
Nenhuma dessas chega perto do padrão estabelecido pelo upgrade insano, apenas as Fender custom shop como a telecaster thinline que o famoso luthier @Calopez_fender construiu. Uma guitarra semelhante à nossa, equipada com o Lollar gold foil que, no entanto, custa 8 ou 9 vezes mais.
O sonho ficou caro, mas foi um dos melhores investimentos feitos. Como exposto em um dos nossos mandamentos: nunca conseguiremos esse valor total se formos revender. Por isso, se quiser partir para uma aventura dessas, tenha em mente que, dependendo de onde quer chegar, a insanidade será maior ou menor, mas a satisfação de ter um instrumento maravilhoso em mãos será maior ainda!
Segue abaixo a tabela completa dos gastos:
No processo do upgrade, nem sempre as coisas acontecem como esperado e é preciso estar preparado para isso. Na Ibanez N425, do upgrade anterior, tivemos dois problemas. Mesmo tendo mandado fotos do headstock para a loja e conversando com o vendedor especializado, ele nos vendeu umas tarraxas da hipshot que não funcionaram. Quando o luthier foi trabalhar, viu que o design dessas tarraxas iriam deixar à mostra os buracos dos parafusos das antigas, um fiasco em termos de acabamento.
Felizmente, a Piguitars é ótima em atendimento e trocou as tarraxas por outras da Gotoh que era o padrão correto e arcou com todos os custos da troca. Além disso, compramos o jack de saída da swifcraft no padrão Gibson; porém, na hora da execução, o luthier informou que o padrão era outro, o ym-108 (estéreo), algo bem mais moderno e seguro, por sinal.
Com a Fender Thinline modern player, também esbarramos em alguns equívocos. A chave seletora dourada da swftcraft que compramos no reverb.com era longa e não coube na cavidade. Tivemos que substituir por uma Gotoh de padrão curto.
Os parafusos do escudo que compramos no Mercado Livre e que vieram da China eram outro padrão. Tivemos que comprar genuínos da Fender nos Estados Unidos. O escudo, a princípio, optamos pelo mais barato. Achamos por US$ 17,00 vindo da China específico para o nosso modelo de guitarra. Quando chegou, a marcação dos parafusos era diferente e não encaixou.
Por sorte, o escudo também veio danificado, acionamos o vendedor e ele nos mandou um outro escudo para strato que vamos usar num projeto futuro. Na época, não achamos ninguém no Brasil que pudesse fornecer o modelo que a gente queria. O jeito foi comprar o mais caro de todos da WD americana, marca oficial de escudos para Fender. O preço padrão é US$ 85, mas aproveitamos uma oferta e pagamos U$ 65. No final, deu tudo certo.deixar à mostra os buracosdeixar à mostra os buracos
Com a guitarra, diagrama do circuito e todas as peças em mãos, deixamos o serviço com o @rodrigoluthier. O detalhe que deu mais trabalho para o Rodrigo foi a regulagem dos pickups. O gold foil que compramos foi projetado para posição do meio e por isso tem saída relativamente forte para ser usado na posição do braço, 6,8k.
Para complicar ainda mais, o TV Jones filtertron da ponte, apesar de ser um humbucker, tem saída baixa de apenas 4.8k. Isso gerou uma diferença em termos de volume. O luthier teve que abaixar bastante o pickup do braço e subir ao máximo o da ponte para compensar a desigualdade no volume. Ainda teve que mexer nas regulagens individuais de cada parafuso dos pickups por conta dessa diferença.
Funcionou, não percebemos discrepância no volume entre os pickups quando testamos. Nada como um bom profissional para fazer a mágica acontecer! Nesse upgrade, o Rodrigo fez a gentileza de incluir a troca dos pickups nos custos da elétrica e regulagem. Isso foi uma iniciativa dele que disse fazer sempre um pacote mais tranquilo quando o cliente tem um grande volume de trabalho.
Foi o Rodrigo quem deu a dica sobre o nut de TUSQ, que já é um upgrade bem bacana em relação ao de plástico, mas comparado com o nut de osso era questão de gosto pessoal. Já que, muitas marcas tops do mercado, como Taylor, já usavam o TUSQ, não teria motivo pra gente não usar também. O fator honestidade do profissional falou mais alto do que talvez inventar um custo desnecessário. Somos muitos gratos pelo profissionalismo e talento desse gigante da luthieria!
Feito o processo, a guitarra ficou com um visual maravilhoso e único. Uma preciosidade customizada. Agora vamos ao mais importante: será que a mistura de Fender, Teisco e Gretsch soaria bem?
Testamos a guitarra num vox ac30 e percebemos que o gold foil veio com um pouco mais de graves do que aquilo que a gente ouviu nos reviews do YouTube. Isso já era esperado por causa da saída um pouco mais forte de 6.8k do nosso pickup contra a saída de 6.2k do pickup desenhado para o braço. Mas os cristalinos característicos estavam lá, deliciosos e delicados, preparados para notas angelicais ou doces melodias em fingerstyle. Existe algo único nesse pickup que traz para a receita o timbre acústico original do instrumento. É nada menos que maravilhoso.
O filtertron na ponte, sem surpresa alguma, trouxe o top end da Fender levemente atenuado, tudo o que se espera de uma Gretsch veio à tona. Worship, country, rock e pop, tudo ficou extremante lindo nessa posição da ponte.
Os dois pickups tocados juntos trouxeram o twang de nível máximo dessa guitarra. Levadas funk e solos estalados vieram com muita facilidade. Os efeitos de delay também ficaram mais claros e definidos, algo que não acontecia tão bem com os p90.
A guitarra ficou com características definitivamente mais próximas da Fender com essa configuração, com agudos passando longe de serem estridentes e médio graves mais profundos, nada em excesso, exceto a beleza celestial dos timbres grandes, cheios e iluminados que se demonstraram altamente viciantes.
Claro que o timbre dos p90 da Lollar já era ótimo. Se a ideia fosse uma guitarra voltada para punk rock ou jazz, seria melhor não mexer. Mas o upgrade dessa vez não teve por objetivo melhorar o timbre, mas sim trazer um novo horizonte para o instrumento. Confira o antes e o depois no vídeo a seguir.
As guitarras antes e depois do upgrade foram gravadas com o mesmo setup. Gravamos nos dois canais de uma UAD Apollo Twin.
Vale falar sobre a flexibilidade que o tonestyler trouxe. Foi algo antes nunca visto por estas terras. Todas as dez posições são altamente dignas de serem usadas em diferentes campos semânticos. A guitarra pode ser transformada instantaneamente de uma máquina de funk para uma máquina de samba ou jazz.
Usar o tonestyler em ambos os pickups foi outro fator de suprema versatilidade. Você pode, por exemplo, deixar o tonestyler na posição 5, com menos agudos e mais médios no braço, e na ponte usar o tone normal para timbres agudos em levadas swingadas. Mas se acionar o pushpull, você troca instantaneamente o timbre agudo desse pickup da ponte com o tone aberto para um sabor totalmente diferente dele mesmo sob a ótica do tonestyller. Claro, diferente também do pickup do braço na mesma regulagem.
São praticamente infinitas as possibilidades. Bateu uma vontade gigante de deixar essa configuração padrão em todas as guitarras, em que você não abre mão do tone tradicional, mas adiciona uma infinidade de novas cores usando o tonestyler. Neste vídeo, demonstramos um pouco do fator tonestyler, vale conferir.
Gravamos em dois canais de uma UAD Apollo Twin. Um canal veio de um Vox ac30 microfonado com um SM57, mixado com outro canal gravado em linha passando por um preamp ethos Overdrive. No inicio da cadeia, ligamos o xotic EP.
Definitivamente, essa guitarra se transformou em um dos nossos instrumentos preferidos. Pode ser solicitada em qualquer aplicação em se usaria uma Fender tradicional, onde se precisa de timbres claros e reluzentes, mas se precisar acionar um dark side mais manso, também não vai decepcionar.
Os sons limpos dessa guitarra são viagens totalmente únicas e gratificantes, porém, com uma flexibilidade muito superior. Foi realmente mais uma insanidade que valeu muito a pena. Essa Fender thinline tem um lugar de honra em nossa paleta de cores. O que será que vem a seguir?
Fotos depois do upgrade by @vidafilmesoficial